RELATOS DE PACIENTES COM ANEMIA F.
Maria Zenó Soares da Silva, 48 anos, também convive com o diagnóstico e hoje é presidente de uma associação de portadores de doença falciforme no estado de Minas Gerais. "A doença me motivou a lutar pela melhoria da qualidade de vida de outros, tendo em vista que é uma doença prevalente da população negra, em que as questões sociais que estas pessoas vivem são tão graves quanto a fisiopatologia da mesma", defende.
Sintomas: As pessoas com DF apresentam anemia crônica e episódios frequentes de dor severa, decorrentes do processo de vaso oclusão causados pela forma de foice (daí o nome falciforme) que as hemácias assumem, após liberarem o oxigênio para os tecidos, impedindo que elas circulem adequadamente. "Nem mesmo posso descrever o quão dolorido é. Articulações e ossos doem muito. Várias partes do corpo podem doer ao mesmo tempo e às vezes se faz necessário o uso de morfina para acalmar a dor", conta Daniel Zoletti, 32 anos, de São Paulo. A vulnerabilidade a infecções, o seqüestro esplênico¹, a síndrome toráxica aguda e o priapismo² são algumas das intercorrências frequentes nestas pessoas.
Diagnóstico: Deve ser precoce, na primeira semana de vida, estabelecido no Programa Nacional de Triagem Neonatal/PNTN é fundamental para a identificação precoce, quantificação e acompanhamento dos casos, bem como para o planejamento e organização da rede de atenção integral. O exame deve ser realizado nos postos públicos de saúde na primeira semana de vida e tem metodologia específica e normatizada dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A eletroforese de hemoglobina é o exame utilizado para o diagnóstico da doença a partir dos 04 meses de vida.
Tratamento: Todos os medicamentos que compõem a rotina do tratamento estão normatizados no SUS. Os que integram a farmácia básica são: ácido fólico (de uso contínuo), penicilina oral ou injetável (obrigatoriamente até os cinco anos de idade), antibióticos, analgésicos e antiinflamatórios (nas intercorrências). A hidroxiuréia, os quelantes de ferro, o dopller transcraniano e transfusões sanguíneas integram os medicamentos e procedimentos para atenção especializada. O rigoroso programa de vacinação estabelecido no calendário nacional também é outro importante fator de redução da mortalidade infantil por infecções, pois as crianças com DF possuem um risco aumentado em 400 vezes em relação à população em geral.
As diferentes formas de doença falciforme podem cursar com mais ou menos agressividade permitindo que estas pessoas atinjam a vida adulta e mulheres engravidem sem saber que possuem a doença. Por isso é importante, também, realizar os exames de pré-natal, que incluem a eletroforese de hemoglobina..