Anemia F. em Gestante e Criança

06/10/2020

Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que um terço das gestantes com doença falciforme pode apresentar complicações graves, principalmente pulmonares, durante a gravidez. O trabalho foi apresentado junto ao programa de pós-graduação em Saúde da Mulher da Faculdade de Medicina da UFMG. A hematologista Patrícia Cardoso, integrante do Projeto Aninha, acompanhou 104 gestantes, cadastradas na Fundação Hemominas e atendidas em diversos serviços de Pré-Natal de Alto Risco em Minas Gerais.
" Os resultados confirmam a importância do acompanhamento especializado e de atenção constante aos cuidados necessários para uma gestação tranquila" , afirma Patrícia.
De acordo com a pesquisadora, a melhor maneira de garantir que tudo corra bem é aliar prevenção e reação rápida a qualquer mal-estar. Além dos cuidados típicos relacionados à gravidez e à doença falciforme, as futuras mães devem redobrar a atenção com sua saúde. " As indicações médicas devem ser seguidas à risca, para evitar que complicações graves aconteçam" , afirma. " As gestantes também devem procurar o médico rapidamente quando sentirem algo errado, antes que o problema se agrave e o tratamento fique mais difícil" .
Outro detalhe muito importante é não abandonar o acompanhamento no pré-natal, que deve envolver equipe especializada em lidar com doença falciforme. " Muitas gestantes, por estarem se sentindo bem, deixam de ir às consultas agendadas" , conta a autora. " Isso impede que algum problema seja detectado precocemente, deixando brechas para algo mais grave se desenvolver" .
O estudo também comparou possíveis diferenças durante a gestação de mães com anemia falciforme, a mais grave das doenças falciformes, e a chamada hemoglobinopatia SC, um pouco mais branda. Apesar das diferenças entre as doenças, constatou-se que durante a gravidez a ocorrência de complicações é similar entre essas gestantes, o que confirma a importância do acompanhamento especializado. " Muitas vezes acontece de sintomas que passam despercebidos em pacientes não grávidas evoluírem para complicações graves durante a gestação, levando até mesmo ao risco de morte" , explica Patrícia.
Projeto Aninha
Uma das ações do Centro de educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG), o Projeto Aninha foi criado em outubro de 2007 com o objetivo acompanhar gestantes com doença falciforme e compartilhar com diversos profissionais de saúde conhecimentos relativos aos cuidados necessários para o atendimento destas mulheres. Além disso, são realizadas atividades de pesquisa, a fim de conhecer melhor as particularidades desse momento na vida das mulheres com a doença. A equipe do projeto conta com profissionais de diversas especialidades, que trabalham também na capacitação de profissionais de saúde das unidades públicas de pré-natal de alto risco.

 

As pessoas que tem anemia falciforme são mais propensas a terem infecções, principalmente as crianças, que possuem maiores riscos de terem meningites e pneumonias. Por isso os episódios de febre devem ser encarados como situações de risco, nas quais os procedimentos diagnósticos precisam ser aprofundados e a terapia deve ter início imediato.

Pode ocorrer ainda a icterícia - cor amarelada nos olhos e na pele, sequestro esplênico que é um quadro agudo decorrente do aumento da funcionalidade do baço (na tentativa de eliminar o excesso de células falcizadas). Isso faz com que o baço aumente rapidamente de volume e ocorra choque hipovolêmico e morte. Necrose avascular que é o termo usado para descrever a perda do tecido ósseo causado por uma restrição do suprimento de sangue. E o acidente vascular cerebral (AVC).

O Teste do Pezinho

O exame de detecção precoce da doença falciforme é feito na triagem neonatal. O exame consiste na coleta de gotas de sangue do calcanhar da criança, o famoso teste do pezinho. O diagnóstico possibilita o início de cuidados específicos exigidos, considerando-se que a precocidade e a integralidade do tratamento podem ser determinantes na limitação dos agravos.

Em 2015, foram diagnosticados 1.149 casos novos. Apenas 20% das crianças atingem os cinco anos de idade caso não recebam o devido tratamento.

Toda a medicação necessária para minimizar as complicações da doença, e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Assim como o exame preventivo de Dopller Trancraniano que identifica o risco de AVC em pessoas com doença falciforme de 02 a 17 anos. Em alguns casos extremos, é feito o transplante de medula óssea como alternativa de tratamento. Infelizmente por não ter cura, o diagnóstico e o acompanhamento se mostram determinantes.


     

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